Ato do movimento indígena caminha para o Congresso Nacional (Foto: Victor Pires / Mobilização Nacional Indígena)

Do âmbito nacional ao local, a luta pelo direito à vida

Em meio à XII edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que aconteceu em Brasília entre os dias 10 e 13 de maio, a equipe do Boletim Povos Isolados na Amazônia produzia a sua Edição #04. Nela apresentamos três reportagens onde o tema “pelo direito de viver”, mote do ATL deste ano, também é central.

Durante o evento, que faz parte da semana de Mobilização Nacional Indígena, cerca de mil indígenas de diferentes povos e regiões do Brasil se juntaram para lutar pela garantia e respeito a seus direitos territoriais e à vida segundo seus usos, costumes e tradições, garantidos pela Constituição de 1988.

Enquanto isso, no plano local, outros parentes, que optaram por não manter contato contínuo com a sociedade nacional, sofrem das mesmas ameaças e impactos advindos de práticas econômicas dominantes e das políticas públicas que dizem respeito a todos os povos indígenas do país. Adotando outras estratégias, os povos indígenas isolados também seguem resistindo ao destino homogeneizante de nossa sociedade.

Como garantir o mesmo “direito de viver” aos povos em situação de isolamento? Na visão dos próprios índios, qual o papel do Estado e qual o papel dos outros povos que vivem no entorno ou compartilham território com esses grupos no trabalho de proteção? Resguardados os diferentes contextos regionais, lideranças de distintas regiões da Amazônia colocam suas posições sobre o assunto na matéria Olhares indígenas sobre o trabalho de proteção aos isolados.

Em seguida, a entrevista Terra Indígena Cachoeira Seca: do contato com os Arara até a homologação, com a antropóloga Maria Helena Amorim Pinheiro, tem como foco o povo de recente contato Arara. Homologada pela presidente Dilma Rousseff no dia 04 de abril, em um dos últimos atos antes de seu afastamento, a TI dá um passo importante para concluir seu processo demarcatório, que já se arrasta há 30 anos. A antropóloga autora do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID) da terra indígena conta como foram suas experiências junto aos Arara, e como vê a recente regularização fundiária da TI.

Por último, mas não menos importante, trazemos o vídeo Narrativas sobre os isolados nos rios Jordão e Envira. Nele, lideranças Huni Kui – mais conhecidos como Kaxinawá – falam sobre os povos isolados das regiões dos rios Jordão e Envira, no Acre. Depoimentos inéditos relatam histórias de encontros, avistamentos e vestígios recentes que confirmam a presença desses grupos nos arredores das comunidades Kaxinawá do alto rio Jordão.

As falas também ressaltam a importância da participação indígena no trabalho de proteção territorial, seja por parte dos Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs), seja pelos próprios colaboradores eventuais da Frente. Irineu Kaxinawá, o primeiro colaborador indígena da Frente de Proteção Envira, conta como foi sua experiência no episódio em que um grupo isolado estabeleceu contato em julho de 2014, na aldeia Simpatia, Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira (AC).

Além dos destaques desta edição, você ainda confere no clipping as principais notícias do período sobre os povos em isolamento e de contato recente em toda a Amazônia.